Eu me arrependo muito do que eu fiz.
O relacionamento com o F não me trouxe nada de bom. Pelo contrário. Eu acho que ele sabia o quanto eu era vulnerável e todos os meus problemas de auto estima e usava isso pra me dominar. Não era problema dele, ele disse. Ele sempre se colocava como tão superior, não sei se ele sabia o que estava fazendo. Eu passei a maior parte do tempo sentindo coisas negativas, e quando tinha a chance de transar com ele eu não perdia, pois sabia que ia ser bom. Era uma forma de compensar tudo que eu sentia de ruim.
- Era a única coisa boa.
Eu passei a maior parte do tempo apaixonada por outras pessoas e ele também, afinal, tinha uma namorada. Eu não acho que existia equivalência nos sentimentos - eu acho que ele fingia muito bem. Só amando muito pra ficar com um cara difícil como ele. Ele mentia e caia em contradição muito facilmente. Eu pensava, será que ele é burro ou é tão esperto e está me testando?
É fácil se arrepender quando as coisas não dão certo, né. Mas eu me arrependi quando as coisas ainda estavam bem. A última vez que transamos eu já estava arrependida, mas já tinha feito tantas vezes que achei que uma vez mais não faria diferença. Fez. Porque foi muito bom. Como eu poderia me livrar daquilo?
Eu também mentia. As vezes eu dizia sentir saudades mas só as vezes era real. Eu não sei porque tava mantendo aquilo como se fosse tão relevante. Discussões longas e calorosas, eu ficava mal por horas. Era muito confuso o que eu sentia. Mas eu tinha muito carinho por ele e acreditei numa amizade que nunca existiu.
Ela parece uma mina muito legal. Muitas coisas que ela pensa - que eu sei por causa do facebook - vão de encontro com o que eu penso e acredito. Seriamos ótimas amigas, e isso é perigoso. Essa identificação com ela me fez me arrepender de tudo mesmo sabendo que eu devia minha lealdade a ele e não à ela. Era com ele que existiu alguma coisa e não com ela. Por outro lado, ela é uma mulher e eu nunca ficava "do lado" de um homem quando tem uma mulher na jogada.
Mas não pensava nisso. O prazer falava mais alto. Sim, sou essa pessoa podre. Pensam que eu, sorrindo assim fofa com todo mundo, sou incapaz de ser perversa? Eu não sou nada santa.
Dai que ele começou a namorar outra pessoa. Mas um dia senti saudade dele, fui atrás. Ele tava em outro momento. Eu insisti no mesmo erro da primeira vez, mesmo sabendo que ia me arrepender de novo. Mas eu já disse que não sou santa, e eu gostava dele pra caralho. Eu na sei o porquê faço isso comigo.
Passou, mas agora eu quis falar sobre. Não que ele tenha toda essa importância. Já escrevi sobre um morador de rua que fez poesia pra mim, já escrevi sobre pessoas que eu cruzei no ônibus. Foi só mais um cara com sexo bom.
- Não que seja assim tão importante.
Só que esse carnaval eu me passei demais. Aconteceu tanta coisa. Eu me apaixonei de novo, assim, num segundo. Eu seria monogâmica de novo por aquele homem. Talvez. Preciso de mais do que um beijo em meio às bombas na praça Roosevelt, mas eu mudaria muita coisa pra estar com ele agora.
- Eu nem sei o nome dele.
E daí que acordei pensando sobre F, sobre algumas coisas que ele me falou e apaguei da mente e que eu não teria motivo algum pra me lembrar agora. Sobre coisas que compartilhei com ele. Aquela vez que eu chorei. Quando eu fui lá de madrugada dias depois da cirurgia. Sobre como a intimidade é uma merda e aconteceu tão rápido. Pensando sobre a ex dele, sentindo pena, sentindo na pele dela, sentindo arrependimento. Porque mesmo sem ser amiga dela, eu sei que ela se dedicou. E eu sei algumas coisas sobre ele que ela nunca soube. Eu não gostaria de amar alguém que eu não conheço.
- Acho que isso é coisa de Vênus retrógrada.
O meu amor de carnaval é a cara de F. e eu também conheci F num carnaval. Eu não sei se quero me apaixonar por alguém que me lembre alguém que me fez tão mal. Em fisionomia, em atitude, em circunstâncias. Eu não acho que foi a toa que ele cruzou meu caminho no meio de uma correria naquela noite. E não acho que as bombas terem separado a gente tenha sido acaso.
Mas este texto não é sobre um amor de carnaval. Ou sobre amores, ou sobre carnavais. É só mais uma história que existiu e quer sair agora. Precisa. Porque Vênus retrógrada tá me dizendo alguma coisa e mesmo sabendo que o certo é pedir desculpas pra ela, eu não quero cutucar essas feridas agora, ainda mais porque nem são minhas. Eu fiz o errado quando poderia fazer o certo e agora me arrepender não adianta de nada.
Ah, me bloquear foi a coisa mais honesta que F fez por mim. Um dia espero poder agradecê-lo.
O relacionamento com o F não me trouxe nada de bom. Pelo contrário. Eu acho que ele sabia o quanto eu era vulnerável e todos os meus problemas de auto estima e usava isso pra me dominar. Não era problema dele, ele disse. Ele sempre se colocava como tão superior, não sei se ele sabia o que estava fazendo. Eu passei a maior parte do tempo sentindo coisas negativas, e quando tinha a chance de transar com ele eu não perdia, pois sabia que ia ser bom. Era uma forma de compensar tudo que eu sentia de ruim.
- Era a única coisa boa.
Eu passei a maior parte do tempo apaixonada por outras pessoas e ele também, afinal, tinha uma namorada. Eu não acho que existia equivalência nos sentimentos - eu acho que ele fingia muito bem. Só amando muito pra ficar com um cara difícil como ele. Ele mentia e caia em contradição muito facilmente. Eu pensava, será que ele é burro ou é tão esperto e está me testando?
É fácil se arrepender quando as coisas não dão certo, né. Mas eu me arrependi quando as coisas ainda estavam bem. A última vez que transamos eu já estava arrependida, mas já tinha feito tantas vezes que achei que uma vez mais não faria diferença. Fez. Porque foi muito bom. Como eu poderia me livrar daquilo?
Eu também mentia. As vezes eu dizia sentir saudades mas só as vezes era real. Eu não sei porque tava mantendo aquilo como se fosse tão relevante. Discussões longas e calorosas, eu ficava mal por horas. Era muito confuso o que eu sentia. Mas eu tinha muito carinho por ele e acreditei numa amizade que nunca existiu.
Ela parece uma mina muito legal. Muitas coisas que ela pensa - que eu sei por causa do facebook - vão de encontro com o que eu penso e acredito. Seriamos ótimas amigas, e isso é perigoso. Essa identificação com ela me fez me arrepender de tudo mesmo sabendo que eu devia minha lealdade a ele e não à ela. Era com ele que existiu alguma coisa e não com ela. Por outro lado, ela é uma mulher e eu nunca ficava "do lado" de um homem quando tem uma mulher na jogada.
Mas não pensava nisso. O prazer falava mais alto. Sim, sou essa pessoa podre. Pensam que eu, sorrindo assim fofa com todo mundo, sou incapaz de ser perversa? Eu não sou nada santa.
Dai que ele começou a namorar outra pessoa. Mas um dia senti saudade dele, fui atrás. Ele tava em outro momento. Eu insisti no mesmo erro da primeira vez, mesmo sabendo que ia me arrepender de novo. Mas eu já disse que não sou santa, e eu gostava dele pra caralho. Eu na sei o porquê faço isso comigo.
Passou, mas agora eu quis falar sobre. Não que ele tenha toda essa importância. Já escrevi sobre um morador de rua que fez poesia pra mim, já escrevi sobre pessoas que eu cruzei no ônibus. Foi só mais um cara com sexo bom.
- Não que seja assim tão importante.
Só que esse carnaval eu me passei demais. Aconteceu tanta coisa. Eu me apaixonei de novo, assim, num segundo. Eu seria monogâmica de novo por aquele homem. Talvez. Preciso de mais do que um beijo em meio às bombas na praça Roosevelt, mas eu mudaria muita coisa pra estar com ele agora.
- Eu nem sei o nome dele.
E daí que acordei pensando sobre F, sobre algumas coisas que ele me falou e apaguei da mente e que eu não teria motivo algum pra me lembrar agora. Sobre coisas que compartilhei com ele. Aquela vez que eu chorei. Quando eu fui lá de madrugada dias depois da cirurgia. Sobre como a intimidade é uma merda e aconteceu tão rápido. Pensando sobre a ex dele, sentindo pena, sentindo na pele dela, sentindo arrependimento. Porque mesmo sem ser amiga dela, eu sei que ela se dedicou. E eu sei algumas coisas sobre ele que ela nunca soube. Eu não gostaria de amar alguém que eu não conheço.
- Acho que isso é coisa de Vênus retrógrada.
O meu amor de carnaval é a cara de F. e eu também conheci F num carnaval. Eu não sei se quero me apaixonar por alguém que me lembre alguém que me fez tão mal. Em fisionomia, em atitude, em circunstâncias. Eu não acho que foi a toa que ele cruzou meu caminho no meio de uma correria naquela noite. E não acho que as bombas terem separado a gente tenha sido acaso.
Mas este texto não é sobre um amor de carnaval. Ou sobre amores, ou sobre carnavais. É só mais uma história que existiu e quer sair agora. Precisa. Porque Vênus retrógrada tá me dizendo alguma coisa e mesmo sabendo que o certo é pedir desculpas pra ela, eu não quero cutucar essas feridas agora, ainda mais porque nem são minhas. Eu fiz o errado quando poderia fazer o certo e agora me arrepender não adianta de nada.
Ah, me bloquear foi a coisa mais honesta que F fez por mim. Um dia espero poder agradecê-lo.